Rosalind Krauss, num livro recente chamado Art in the Age of the Post-Medium Condition (também comentado neste livro de Mello), observa que muitos artistas contemporâneos (mas ela está se referindo a Marcel Broodthaers) não se definem mais por mídias, por tecnologias, ou por campos artísticos específicos, ou seja, eles já não são mais artistas plásticos, fotógrafos, cineastas ou videoartistas simplesmente. Pelo contrário, eles trabalham com conceitos ou projetos que atravessam todas as especialidades, de modo que os meios utilizados variam de acordo com as exigências de cada projeto e são sempre múltiplos ou associados aos outros. É isso que Krauss chama de condição pós-midiática: as obras agora já não são mais media specific, elas são maiores que os meios, elas os atravessam e os ultrapassam. Em alguns casos, elas criam os seus próprios meios e suportes, como é o caso de alguns trabalhos da artista brasileira Regina Silveira, que utilizam a própria cidade de São Paulo como tela e com um projetor montado sobre um caminhão é possível tatuar a cidade com imagens em movimento no duplo sentido do termo: não apenas essas imagens contêm um movimento interno, como também estão em movimento ao longo da cidade.