imagens, sons, pensamentos › Forums › montagem + programação av › Limite (Mario Peixoto)
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12 Feb 2018 at 17:36 #6938marcus bastosKeymaster
Em um pequeno barco à deriva, duas mulheres e um homem relembram seu passado recente. Uma das mulheres escapou da prisão; a outra estava desesperada; e o homem tinha perdido sua amante. Cansados, eles param de remar e se conformam com a morte, relembrando (através de flashbacks) as situações de seu passado. Eles não têm mais força ou desejo de viver e atingiram o limite de suas existências.
“Existe na história do cinema uma tradição que pode ser chamada de filme-poema – que não se confunde com o cinema de poesia – da qual faz parte . Essa tradição é representada por um conjunto de filmes que se destaca por novas propostas para a experiência da poesia cinematográfica. Isolados em momentos diversos no fim da década de 1920, em contextos ainda mais diversos, esses filmes, vistos, em conjunto, se iluminam de forma surpreendente. Como marca, essa tradição propõe o abandono da narrativa linear, em prol do rigor formal e da expressão da individualidade do cineasta-poeta, que reconstrói o mundo por meio de signos rigorosamente compostos, que compõem versos com imagens, abrindo mão da lógica tradicional estabelecida pela narrativa. Para homenagear Saulo Pereira e seu trabalho de guardião de , a mostra traz grandes clássicos do cinema mundial, como Terra (1930), de Dovjenko, e A paixão de Joana D’Arc (1928), de Theodor Dreyer. Ao recuperar o filme de Mário Peixoto, Saulo penetrou como ninguém nos mistérios de Limite e seus ensaios constituem o que há de mais significativo sobre o filme emblema brasileiro. A homenagem se completa com o lançamento da edição em DVD de , incluído no segundo número da Revista da Cinemateca Brasileira” (Saulo Pereira de Mello)
“Em Limite, a câmera desenha movimentos transgressores, posta-se em ângulos inusitados, descobre formas e tons ocultos acima, abaixo, transversos à linha reta por onde toda e qualquer história se desenvolve. Ali, onde um qualquer fundo cênico e toda ação rege uma reação em resposta – e esta uma terceira, uma quarta, e outra, até que todas possam se encontrar ou anular –; ali, naquele lugar de sempre, naquele locus onde todas as narrativas se equivalem, a câmera descobre a geometria insuspeita dos telhados, e os bredos pelo caminho, e os sapos, e o vento, e o mar, o mar, o mar; descobre-os e assume-os como personagens, porquanto também a eles pertence a história daquela paisagem arruinada pela falência de um sistema econômico de que outrora fora a capital.” (Luiz Henrique da Costa, “Mário Peixoto, um autor sem lugar”)
“Eis ahi o unico defeito do “film”: riqueza de detalhes maravilhosos. Mario Peixoto, que idealizou e realizou o film notavel, deixou-se impressionar demais pela belleza dos detalhes. Mostra-os talvez, de uma maneira excessiva. A’s vezes certas passagens torrnam-se um pouco longas. Os personagens vivem como fantoches nas mãos do director do “film”. Elle lhes dá vida e faz com que o espectador comprehenda o drama daquellas tres vidas com o auxilio da natureza” (Marcos André, no Diario da Noite, 1931)
“Limits, the meeting of three lives ruined by life within the limit of a boat lost at sea. Two women, one man, three destinies, which life, having limited constantly in their desires and possibilities, gathers at last in the most limited of spaces. Everything is limited. Repeated throughout the film, everything struggles to break down its limits. The camera flees towards Nature with the persons, crossing skies and sea, following clouds, flying with the birds, running with the tormented creatures, following the movement, the impulse, of the three whom Nature the illimitable, seems to be trying to draw to herself; falling with their weary bodies, advancing ten times on the spring with flows, runs, flees, losing itself following the horizon;–journey without end. But returning, it is the same earth which it encounters, the ground which is the surface and the end of all vision, the wall which marks the limits; limits which bind, limits of every kind. Even in the vagueness of Nature everything has its limits. A series of themes, of variations, of situations, of movements and life, caught by the artist, developed and constructed geometrically to form a whole; a film in which the pictures speak for themselves through rhythm. Through every situation; embroidering a thousand variations, each picture informing the whole; everything is set to rhythm. Rhythm and rhythms of all kinds. The film itself is one vast rhythm of despair and anguish, of isolation, of limitation developed and completed by the rhythmic impetus of scene-building. Every scene has its interior rhythm well defined, and belongs in duration and form to a rhythm of sequences; a structural rhythm, building according to plan. In this film everything is rhythm. It is rhythm which, in every sequence, defines its limit, it is the rhythm which explains and interprets throughout the film, marking the beginning and end of each adventure. It is rhythm which defines the limits, which defines Limits. (Octavio de Faria, 1932)
“« Limite » a une construction extrêmement rigoureuse et c’est un long-métrage. La vraie structure du film est assurée par le rythme de l’ensemble qui est basé sur un montage d’une rare précision, mais en même temps, il y a sur le terrain de la compréhension de l’action, un développement parfaitement logique. Seulement, il faut insister sur le terme en même temps car, dans « Limite », la compréhension de l’histoire ou des histoires qu’on y raconte, est inséparable de la sensibilité, au rythme de la construction de l’œuvre” (Plinio Süssekind Rocha)
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