publicado originalmente no blog da Mostra Live Cinema
Em Exit City: Home Everywhere and Nowhere, Wim Nijenhuis afirma, no contexto de um discussão sobre o papel crítico que Wim T. Schippers e grupos como os situacionistas desempenham diante de uma sociedade funcionalista e automotiva que se consolida aos poucos durante o século XX: “Meios de comunicação eletrônicos como a televisão, o vídeo e a Internet põe um fim à ‘situação’. Porque a tecnologia de vídeo, como sabemos pelas câmeras de segurança em garagens de estacionamento, podem instantaneamente apresentar lugares localizados a qualquer distância do observador, elas substituem a unidade clássica entre observador e ambiente observado, por uma nova unidade de tempo: o tempo real. A visão direta, dependente da transparência do ar ou do vidro, é suprimida pelo vídeo com uma visão indireta à qual a distância e a opacidade não são obstáculos. Ao mesmo tempo, o relacionamento com a realidade muda, porque as apresentações em tempo-real iniciam uma ‘realidade teletopológica’ na consciência do observador, o que significa dizer que não apenas os lugares vêm até ele graças à tecnologias de transferência eletromagnética, mas ele também se transporta mentalmente, sem que a distância efetiva desempenha qualquer papel. ‘Topológica’ significa que a realidade adquiriu uma topologia elástica, enquanto o prefixo ‘tele’ alude aos buracos negros criados no mapa mental do observador pela perda de unidade de lugar. Conforme a realidade teletopológica estática das câmeras de segurança é suprimida por câmeras em movimento atachadas a balões, em carros e satélites, um ambiente global virtual e dinâmico vai emergir, em que o tempo real sempre será o princípio unificador essencial.”